
Diálogo de Nossa Senhora com Irmã Amália sobre o significado das cores de Sua Aparição
"Missionária que Me fitas, já compreendeste bem o significado das cores com as quais a ti Me apresentei? Se não compreendeste bem, desejo que bem o compreendas; por isso vou hoje te mostrar o que deves pensar, quando diante de minha imagem estiveres."

O meu manto azul
Por que Me apresentei a ti com um manto azul?
Para que, cada vez que Me fitares, quando estiveres exausta pelos trabalhos e carregada com a cruz das tribulações, te lembres do céu, recompensa infinita que te dará gozo eterno. Lembre-te o meu manto que um belo céu te espera, onde serás envolta com ele, o que te dará gozo indizível.
Ó Missionária, o meu manto azul deve dar à tua alma coragem e a teu coração alegria, porque ele te lembra que é o teu agasalho nos dias do inverno deste peregrinar!
Quando o teu coração sentir necessidade de calor e de carinho, como os que na tua infância recebias de tua mãe, envolve-te no meu manto azul e sentirás o calor de meus afagos, afagos de Mãe, a mais carinhosa de todas as mães.
Que te lembre, ó Missionária, o meu manto azul que não és órfã. Sim, Jesus deseja que suas esposas sintam os carinhos de uma mãe solícita; por isso, quando batida pelas tentações, lembra-te que o meu manto já não é meu somente, mas, sim, que uma parte dele é tua, e pertencendo-te duplamente, porque, além de Jesus Me ter dado como Mãe no alto da cruz, deu-lhe a ti um testamento, e de que forma!!
Ó Missionária, o meu manto azul seja para ti uma grande consolação. Sim, quando aos meus pés vieres e ao contemplares minha imagem, não te esqueças do que quer dizer o meu manto azul para ti; lembre-te ele sempre o céu, e nesta doce esperança recobrarás força para continuar a luta até o fim.
Desejar, amada filha, o céu é uma doce consolação que darás a Jesus, porque com isso desejas a Jesus, porque Ele é que faz a felicidade dos eleitos.
A alma foi criada para gozar desta felicidade, portanto deve-se lembrar dela e desejá-la. Errados estão os que dizem que não se deve desejar o céu. Ah! não, Missionária, o céu é a doce esperança dos que gemem e choram por amor da justiça. Ah! o céu foi quem deu a tantos Santos, que hoje se acham nele, a fortaleza para a luta.
Deus criou o céu para seus filhos, e como os filhos não hão de pensar neste céu?
O que é este céu?
Este céu é Deus mesmo, portanto desejar o céu é desejar a Deus. Vê, alma que Me ouves, como desejar o céu é salutar.
Missionária, desejando dar-te coragem neste exílio, apresentei-Me a ti revestida do céu. O céu, o meu manto, sim, meu manto azul que te lembra o céu neste exílio é apenas uma imagem, porque a realidade deste céu gozarás só depois deste peregrinar. Portanto, quando Me contemplares com o meu manto azul, lembra-te: minha Mãe do céu com o seu manto azul me diz: Avante, filha, porque o céu se aproxima.
Sim, quando fitares o meu manto, lembra-te que te digo: não temas, porque ele é teu; não temas o frio, porque o meu manto o fiz teu, ele te aquecerá e te dará energias para enfrentar os perigos e os assaltos do inimigo.
Missionária, não mais te apresentes ante a minha imagem sem a firme resolução de aproveitar das lições que ela te proporciona. Sai de junto de minha imagem confortada com a esperança de breve poderes estar ao meu lado no céu, onde serás afagada por minhas próprias mãos. Não sejas egoísta; quando trouxeres alguma pessoa aos pés de minha imagem, conta-lhe o que a ti te contei, para que todos tenham a consolação de se lembrarem do céu. Ao Me fitarem, conta-lhes que Eu sou Mãe de todos os homens e os mais pobrezinhos é que mais têm necessidade de mãe; portanto, o maior dos criminosos pode-Me chamar de sua Mãe, porque na realidade o sou. Só o chamar-me de Mãe predispõe a sua alma para o arrependimento; portanto, todos têm direito de Me chamar de Mãe; na realidade, sou Mãe de todos, porque por todos os homens Jesus expirou na cruz.
Alma Missionária, não te esqueças do significado do manto azul de tua Mãe lacrimosa. Aproveita dele e dá-o a todos os homens de boa vontade.

A minha túnica roxa
Quem sabe ainda não compreendeste bem o significado da minha túnica roxo-violeta?
Desejando que bem aproveites do significado destas cores pelas quais Me apresentei a ti, hoje vou explicar-te bem o que te devem lembrar quando aos meus pés vieres e Me fitares. Nas cores com que Me apresentei no Pombal, o roxo significa dor. Depois de terem golpeado barbaramente o corpo Santíssimo de Jesus, ficou todo arroxeado, o qual causava dor.
Meu coração de Mãe, vendo Jesus, o Divino Filho, em tão lastimoso estado, também ficou roxo de dor, e minha alma, dilacerada pela dor!
Portanto, amada Missionária, a minha túnica roxa deve-te lembrar o quanto Eu sofri e qual a causa de meus sofrimentos! Além disto, deves também te lembrar que a minha túnica roxa cor de violeta te diz o quanto amei a virtude alicerce de toda a santidade, a humildade. A humildade, alma Missionária, é a base de toda a santidade, e não se pode chegar à santidade sem se ser verdadeiramente humilde.
Aprendei de mim, que sou manso e humilde, disse o Divino Filho. Sim, sem a humildade debalde trabalhareis na importante obra de vossa santificação. Eis por que, ao Me apresentar no Pombal querido, dei esta cor à minha túnica. Sim, quando aos meus pés te apresentares, fitando minha túnica, lembra-te primeiramente que ela te diz o quanto Eu sofri e, na meditação de minhas angústias, ganharás um grande prêmio para tua alma, pois elas te darão força. Além disto, merecerás o privilégio que a elas foi concedido, que é o livramento das penas do purgatório.
Meditar no quanto Eu sofri por teu amor é um dever de gratidão. Qual é a filha extremosa que não se lembra dos sacrifícios que sua Mãe fez por si? Eu sendo Mãe tão solícita e tão amorosa para com todos os meus filhos, por amor tendes um dever sagrado de meditar no quanto Eu sofri em favor de vossas almas. E para não vos esquecerdes deste dever sagrado, apresentei-Me no querido Pombal vestida de roxo, e por toda a parte onde a Missionária for por amor, tem um sagrado dever de Me levar vestida como Me apresentei na casa-mãe. Portanto, Missionária, creio que compreendeste o significado de minha túnica roxa. Grava bem no teu coração estas lições, não as esqueças, porque elas são salutares à tua alma, dar-te-ão força e coragem neste exílio, para que um dia possas sair deste mundo nos meus braços de Mãe, a qual te introduzirá nos celeiros do Amado.
Ó morte feliz a da Missionária que souber neste exílio viver segundo o espírito do caro Pombal!
Feliz, mil vezes feliz a Missionária que souber aproveitar do quanto Eu tenho dado a este caro Pombal.

O meu véu branco
Missionária, mostrei-te o significado do meu manto azul e de minha túnica roxa; vou hoje contar-te o motivo por que Me apresentei no caro Pombal com véu branco, envolvendo-Me o peito e cobrindo-Me a cabeça.
Branco significa pureza, e, sendo Eu a branca açucena da Santíssima Trindade, não podia deixar de Me apresentar sem esta alvura que extasia o próprio Deus, pelo que os anjos Me chamam predileta açucena da Santíssima Trindade.
A pureza transforma o homem em anjo, e esta virtude é tão querida de Deus, de modo que a quem a pratica é dada a grande ventura de ver a Deus mesmo neste mundo, não com os olhos do corpo, mas com os olhos da fé.
Jesus chamou os puros de bem-aventurados; sim, na realidade eles são bem-aventurados neste mundo e no outro. Vede como Deus ama os corações puros. Por ser pura Me escolheu como Mãe, por ser puro escolheu a José como Pai adotivo, o qual teve a ventura de O afagar tantas vezes. Oh! quantas carícias, quantos amplexos José deu ao menino Deus! João, por ser puro, reclinou a cabeça no peito sagrado de Jesus!
Vê, alma Missionária, as prerrogativas dos puros! É lhes dado reclinar no peito agrado de Jesus!
Eu sendo esta bela açucena da Santíssima Trindade, quis assim Me apresentar ao Pombal querido: revestida com o véu branco da pureza, virtude amada de Deus, qualidade de Deus, porque em Deus tudo é puro. Sim, em Deus tudo é branco, Ele é o autor da brancura desta bela virtude.
Missionária, compreendeste bem a alvura de meu véu branco? O que te diz ele? Ele te diz que deves também ser uma branca açucena, a qual deve encantar o seu Esposo, para poder no seu peito reclinar.
Apresentei-Me ao Pombal não somente com a cabeça coberta de branco, mas, sim, também o peito. Que quer isto dizer? Quer isto dizer que no peito reside o coração, do qual nascem as paixões depravadas! Portanto, apresentando-Me com o peito envolvido em tal brancura, te digo que o teu coração deve estar sempre envolvido desta brancura celeste, que te dará a felicidade de seres a morada da Santíssima Trindade. Vê, alma Missionária, como, ao te apresentares ante minha imagem, deves aproveitar das cores das quais a revesti, para sempre te lembrares de ser pura como os anjos e humilde como os santos.
Missionária, grava bem na tua alma estas lições. Não as esqueças mais, porque elas servir-te-ão de luz e força para poderes subir o Calvário e chegar à porta da Jerusalém celeste nos meus braços de Mãe, os quais serão sempre teus, se sempre fores branca como as açucenas, fazendo assim as delícias de teu amado Jesus neste mundo; pois, se assim fizeres, Eu te abençoarei eternamente!

A coroa de brancas pérolas
Mostrei-te como Me apresentei ao Pombal, conheces o significado de meu manto azul, de meu véu branco e de minha túnica roxa.
Vou neste momento explicar-te que nas minhas mãos trazia umas contas mais alvas do que a neve. Chamei-lhe Eu coroa de minhas Lágrimas Benditas.
Desejando, amada Missionária, que aproveites das lições destas brancas pérolas, vou explicar-te o seu significado.
Quando aos meus pés vieres, para receber força e Me fitar, vendo em minhas mãos esta coroa, lembra-te o que ela te diz: Misericórdia, amor e dor! Misericórdia, porque Eu sou a Mãe da divina misericórdia e choro ante o Filho os pecados de todos os homens. A meu Filho Me apresento, dizendo-lhe: meu Filho, tem compaixão deste filho; portanto, sou Mãe de misericórdia, pois esta coroa nas minhas mãos te deve lembrar que sempre estou intercedendo, diante do trono do Altíssimo, pelos pobres pecadores. Oh! Missionária, quando um pecador for rebelde, não querendo-te dar ouvidos, vem aos meus pés e pede pelas minhas Lágrimas Benditas. Se ele for alma de boa vontade, alcançarás de Deus a graça de esta alma não se perder.
Missionária, a minha Coroa das Lágrimas deve-te lembrar o meu grande amor pelos homens, portanto pela tua própria alma, porque Eu não chorei somente de dor de ver meu Filho em tão lastimoso estado, Eu também chorei de amor pelos homens, quando, endurecidos, não queriam ouvir o Divino Filho, pois assim, não lhe dando ouvidos, se precipitam no inferno.
Portanto, sendo Mãe de todos os homens e vendo muitos se perderem, chorei de amor, por isso que esta coroa nas minhas mãos te lembra que minhas lágrimas também foram derramadas por amor.
A lágrima é transbordamento de dor e de amor, por isso meu Coração, achando-se repleto de dor, transbordou em lágrimas! Eis, amada Missionária, o que te deve lembrar a coroa que vês nas minhas mãos. Por que lhe dei este nome de coroa? Porque minhas lágrimas foram coroadas por meu Divino Filho com tantos privilégios, os quais já tenho revelado ao Pombal; coroadas estão Minhas Lágrimas, porque elas são benditas e muitas gerações as exaltarão pelos benefícios que receberão por seu intermédio. Sim, o Divino Filho coroou-as com tantos privilégios, e como Jesus Me disse: Oh! Mãe, como ia deixar tuas lágrimas no esquecimento, sem lhes dar prerrogativas?
Ah! não, não podia deixar na escuridão do esquecimento lágrimas tão benditas, por isso vou ao Pombal querido dar estas pérolas preciosas e que farão parte de seu patrimônio.
Assim falou-Me o Divino Filho; vê, portanto, Missionária, o que te deve lembrar a branca coroa de minhas benditas lágrimas. O que elas te dizem a ti, alma Missionária? Dizem-te que tua Mãe te ama, que tua Mãe por ti chorou e que as suas prerrogativas te pertencem, desde que a elas recorras com confiança e amor e depois saibas agradecer tão rico tesouro.
Vê, alma Missionária, como és feliz, aproveita estas lições e jamais sairás de meus pés sem ter meditado no significado de tua Mãe, Nossa Senhora das Lágrimas. Bem, Eu com todo o amor digo: sou a Mãe das Missionárias.
28-11-1931.