Meditação das sete dores da Mãe de Deus para todas as almas que desejam crescer no caminho da virtude.

“Meditai muitas vezes estas minhas penas, e Eu vos digo: em verdade muito adiantareis na virtude. Maria".

Quem quiser consolar meu Coração medite nas minhas Dores.

Ó almas que sofreis, vinde junto de meu coração, aprendei comigo a sofrer. É junto de meu coração traspassado por sete espadas que achareis consolação!

Mães aflitas, esposas amarguradas, donzelas abandonadas ao vendaval de vossas paixões, meditando nas minhas dores, tereis força para atravessar este vale de lágrimas.

O mães que chorais a perda de um filho, vinde vos consolar ao pé da Cruz, é aqui que achareis consolação, pois aqui vos posso dizer: Sede fortes, sede generosas, olhai como Eu estou em pé para mostrar-vos que não vos deveis deixar abater, quando a mão carinhosa de Deus se fizer sentir no vosso lar.

Donzelas que não tendes coragem de deixar o mundo e suas vaidades, meditai nas minhas Dores e tudo vos será fácil deixar. Oh! donzelas amadas, as que sois chamadas para a insigne graça de esposas do Cordeiro Imaculado, meditai nas minhas Dores e tereis força para afrontar todos os obstáculos que se vos apresentarem.

Vou agora mostrar-vos as minhas penas, e, ao lê-las, tenho a certeza que vos hão de comover o coração, impulsionando-vos para a prática do bem.

APRESENTAÇÃO DE MEU FILHO NO TEMPLO

Nesta primeira dor, vereis como meu coração foi traspassado por uma terrível espada, quando Simeão me profetizou que meu adorável filho seria a salvação de muitos, mas também serviria para ruína de muitos; isto é, todos os que abusassem de seu Sangue adorável se perderiam para sempre! A virtude que aprendereis nesta primeira dor é a da santa obediência. Sedes obedientes aos vossos superiores, porque são eles que fazem às vezes de Deus.

Meus filhos, é a obediência que faz as almas felizes já neste mundo.

Nunca ouvistes dizer que um obediente se perdesse. A alma obediente galgará os mais altos graus de perfeição! Olha para toda a minha vida e vereis como nela só encontrareis obediência e sempre obediência!

Aos três anos, já me entreguei totalmente à santa obediência.

O que foi a minha vida no templo? Obediência e oração. Depois de terminar este tempo feliz, quiseram-me dar um esposo e eu o aceitei, e por quê? Porque sabia que, obedecendo, não erraria!

Mas como estamos meditando nas minhas dores, continuemos. A obediência não deixa de ter seus espinhos. Felizes espinhos que tanta glória dão à alma!

Como já vos foi dito, quando apresentei meu amado Filho no templo, Simeão me anunciou que uma espada cruel atravessaria minha alma! Desde aquele instante experimentei sempre uma grande dor, porém olhei para o céu e disse a Deus. Em vós confio, e nesta confiança descansei. Lembrei-me que quem confia em Deus jamais será confundido.

Ó almas que ainda estais neste vale de lágrimas, fazei como Eu fiz. Nas vossas penas, nas vossas angústias, confia em Deus e jamais vos arrependereis de uma tal confiança.

Quando a obediência vos trouxer qualquer sacrifício, fazei o que Eu fiz, confia em Deus e a Ele entrega vossas penas, vossas apreensões, e dizendo-lhe: Meu Deus em vós confio e por vosso amor sofrerei tudo de bom grado. Ainda que vos fosse preciso dar todo o vosso sangue por causa da santa obediência, por piedade jamais deixeis de obedecer, porque lembro-vos aqui que não deveis obedecer por motivos humanos, mas, somente pelo amor daquele que por vosso amor se fez obediente até à morte de Cruz.

A FUGA PARA O EGITO

Amados filhos vou mostrar-vos a minha segunda dor, quando tive que fugir para o Egito, para livrar meu rico Tesouro das mãos dos algozes que o queriam matar.

Oh! filhos amados, quão grande foi a minha dor, quando soube que desejavam dar a morte a meu querido filho. Minha alma ficou imersa na dor quando meditei que desejavam matar aquele que trazia a salvação. Não me aflige por ter de passar provações em terras longínquas; minha dor foi por ver meu adorável filho inocente, já, desde tão tenra idade, perseguido por causa d’Ele ser o Redentor.

Oh! almas queridas, quanto não sofri neste exílio, porém tudo suportei com amor e santa alegria por Deus me fazer sofrer tanto pela causa da salvação das almas. Se fui obrigada a este exílio, foi só por causa de guardar o amado filho! Almas queridas, quando meditava estar no exílio, sofrendo provações tantas para guardar aquele que um dia ia ser a chave da mansão da paz, minha alma, apesar de se achar em dor por ver que não podia dar conforto ao filho amado, alegrava-se porque dizia, ah! um dia estas penas se converterão em sorrisos e em força para as almas, porque guardando o amado filho, Ele abrirá as portas da Jerusalém Celeste a todas elas!

Amados meus, vede como no meio das maiores provações se pode exultar, quando tudo se sofre para agradar a Deus e tudo por seu amor. Eu no meio de tantas provações em terras estranhas, muitas vezes sem agasalho, nem pão para matar a fome, exultava por poder sofrer com Jesus, meu adorável filho!

Ó vós que sofreis, procurar sofrer com Jesus, porque então vossos sofrimentos, ainda que amargos, farão vossas almas exultar de gozo, assim como a minha exultou.

Sofrer com Jesus, isto é, na sua santa amizade e tudo por seu amor, não se chama a isto sofrer senão gozar! No meio da dor sofrem os infelizes, que vivem longe de Deus… os que estão na sua inimizade, estes é que sofrem! Pobres infelizes, entregam-se ao desespero, porque não tem o conforto da amizade de Deus, que dá a alma sofredora tanta paz, tanta confiança, pois breves são os padecimentos e eternas as recompensas!

Ó almas, que sofreis por amor de vosso Deus, exultar de alegria porque grande é vossa ventura, sendo parecidas com a Vítima Imaculada, Jesus Crucificado, que tanto sofreu por amor de vossas almas!

Exultai todos os que, como Eu, sois chamados para longe de vossa pátria defender o vosso Jesus. Exultai, grande será a vossa recompensa, se como Eu, ainda com a alma em angústia, alegremente pronunciardes o Fiat.

Aprendei aqui, almas todas, a não medir sacrifícios, quando se trata da glória e dos interesses de Jesus. Vede que Eu não medi distâncias, nem sacrifícios. A primeira palavra de José, prontamente e sem nenhuma relutância, segui em procura do sacrifício!

Por piedade, almas queridas, não sejas pusilânimes, porque se o fordes o prejuízo será vosso. Contra si trabalha o pusilânime, enquanto que o generoso nos sacrifícios para si armazena riqueza; portanto, avante, aprendei nesta minha segunda dor a não medir sacrifícios, quando se tratar dos interesses de Jesus, que também não mediu sacrifícios para vos abrir as portas da mansão da paz.

A PERDA DO MENINO JESUS

Amados filhos do exílio, vou mostrar-vos minha terceira dor, quando perdi meu adorável filho por três dias. Que penas indizíveis e incompreensíveis a um mortal!

Ó almas que sofreis, procura compreender minha imensa dor, pois, à vista desta minha dor as vossas serão leves! Mães aflitas que choras a perda de um filho amado, medita o quanto Eu sofri por três dias a perda de meu único amado filho!

Sabia que meu adorável filho era o Messias prometido, o qual me fora confiado pelo Deus eterno. Que contas daria então a meu Deus do tesouro que me tinha entregue? E apesar de tanta dor e de tanta aflição, nem os anjos, nem o próprio Deus me confortaram! Deixaram-me na dor por três dias e sem esperanças de encontrá-lO!

Vede como os queridos de Deus são tratados! Por ser Eu sou Mãe, fui criatura que mais tortura sofreu neste exílio, depois de Jesus!

Vede, amados meus, depois de três dias O achei no templo, no meio dos doutores, e lhe falei: ó filho, me deixaste três dias em aflição! Eis a sua resposta divina: Eu vim ao mundo para cuidar dos interesses de meu Pai, que está no Céu.

A esta resposta do meigo Jesus, emudeci e compreendi que sendo o Redentor do gênero humano, assim devia proceder, fazendo sua Mãe já, desde aquele instante, tomar parte na sua missão redentora, fazendo-me sofrer por tão nobre causa, a Redenção do gênero humano!

Ó almas todas que sofreis, aprendei aqui nesta minha grande dor a submeter-vos à vontade de Deus, que muitas vezes vos fere para vosso próprio proveito ou para proveito de um de vossos entes queridos.

Jesus me deixou por três dias em tanta angústia para proveito vosso, para hoje vos poder dizer: Aprendei com Maria a sofrer e a preferir a vontade de Deus à vossa. Mães venturosas que choras, ao virdes os vossos filhos generosos ouvirem o chamamento divino, por piedade, aprendei comigo a sacrificar o vosso amor natural. Oh! se vossos filhos têm esta dita de serem chamados para trabalhar na vinha do Senhor, por piedade, não sejais algozes de sua tão nobre aspiração, como é a vocação religiosa. Mães e pais extremosos, ainda que vosso coração sangre de dor, deixa-os partir, deixa-os corresponder finezas de seu Deus, que usa para com eles de tanta predileção. Felizes pais que sofreis por tão nobre causa: oferta a Deus as penas da  separação, para que vossos filhos, que tem a Ventura de serem chamados, possam ser na realidade bons filhos daquele que os chamou. Oh! Se assim fizerdes, fareis o que Eu fiz! Lembrai-vos que vossos filhos a Deus pertencem e não a vós.

Deus vo-los as entregou para que os crieis para O servir e amar neste mundo, para um dia no Céu O louvarem por toda a eternidade.

Portanto cegos são aqueles que querem prender seus filhos, abafando-lhes a vocação! Os pais, que assim procedem, são algozes de seus filhos, levando-os à perdição eterna, e ainda são algozes de si próprios, porque que contas darão a Deus no último dia? Triste será a sentença destes pais!

Porém, se, em vez de serem algozes, fossem anjos de suas vocações, encaminhando-os para tão nobre fim; oh! que bela recompensa esperam estes pais afortunados! No céu terão um lugar de honra.  Ainda que chorem de saudades, ainda que a separação lhes custe muitas lágrimas, se forem todas derramadas como Eu as derramei, só por amor de Deus, serão eles bem-aventurados! Ó entes queridos que sois chamados por Deus, a vós também desejo falar-vos nesta minha terceira dor. Procedei como Jesus procedeu comigo; primeiramente obedecei à vontade de Deus, que vos chamou para habitar na sua casa, onde deseja vos dizer: Quem ama seu pai e sua mãe mais do que a mim não é digno de mim, portanto vede bem, se, por causa de um amor natural, deixais de corresponder ao chamado divino!

Não penseis que sois vós que vos oferecestes para viver na casa do Senhor. Ah! não. Quem não for chamado não ficará na casa deste Senhor, que exige tudo por amor e não por força. Portanto, aqueles que não têm força de obedecer por amor não foram chamados, mas, sim, eles mesmos que se ofereceram, daí vem que eles são a cruz de seus superiores e do próprio Deus!!

Oh! meninas dos meus olhos, almas de eleição, as que fostes chamadas, tudo sacrificastes: as afeições as mais caras, a vossa própria vontade para servirdes a Deus.

Grande é vossa Ventura, portanto, sede generosos em tudo e louvai a Deus por terdes sido escolhidas para tão nobre fim.

Oh! Vós que chorais, pais, irmãos, regozija-vos porque vossas lágrimas um dia converter-se-ão em pérolas, como as minhas se converteram em favor da humanidade.

Enfim todos os que sofreis, vinde a mim que Eu vos consolarei, porque Eu também sofri e sei consolar a todos os que choram.

O DOLOROSO ENCONTRO NO CAMINHO DO CALVÁRIO

Amados filhos, vou hoje mostrar-vos minha quarta dor, quando me encontrei com o divino Filho no caminho do Calvário.

Ó todos os que chorais neste exílio, contemplai e vede se há dor semelhante a minha dor.Ver o Filho amado em tão lastimoso estado, carregado com uma pesada cruz, insultado como se Ele fosse um criminoso!

Oh! Filhas minhas, qual não foi a dor de minha alma, quando parei por um instante e meditei meu Filho que é Deus, desta forma tratado! Ele que é o Salvador, a caridade infinita que só faz o bem, porque assim o tratam?!

Amados filhos, lembrei-me de suas Divinas Palavras, quando disse: É preciso que o Filho de Deus seja calcado aos pés, para abrir as portas da mansão da paz!

Ó! Sempre a vontade do Altíssimo foi a minha força em horas tão cruéis como esta vendo o Filho que tanto amava em tão lastimoso estado!

Ao encontra-lo nesta via da amargura, seus olhos divinos, amortecidos pela dor dos espinhos, me fitaram e me fizeram compreender a dor que Lhe ia na alma, por não me poder dizer palavra, porém me fizeram também compreender que era necessário que unisse minha dor à sua grande dor, para que esta nossa dor fosse mais tarde a força de tantas mães e de tantos filhos, que haviam de sofrer, uns o martírio do corpo, outros o martírio do coração.

Sim, uns a derramar todo o seu sangue nas mãos dos algozes e outros a sofrer o martírio do coração por ver seus filhos, irmãos ou pais sofrerem os golpes dos algozes!

Amados meus, a nossa grande dor neste encontro tem sido a força de tantos mártires e de tantas mães aflitas.

Oh! Almas que temeis o sacrifício, aprendei aqui neste encontro a submeter-vos à vontade de Deus, como Eu e meu adorável Filho nos submetemos!

Aprendei a calar-vos nas vossas penas. Vede como na minha grande dor não me desabafei, a não ser com o Pai do Céu, dizendo: Meu Deus que a vossa vontade se cumpra; dai-me força, isto é, o que preciso para aceitar esta dura cruz, de ver o Filho, que me deste tão humilhado e calcado aos pés pelos seus beneficiados!

No nosso silêncio, nesta dor imensa armazenamos para vós riquezas incomensuráveis! Os vossos olhos não vêm, mas as vossas almas hão de sentir a eficácia desta riqueza na hora, em que, batidos pelas vossas penas, recorrerdes a mim, meditando neste encontro dolorosíssimo. É nestas horas difíceis que podeis experimentar o valor do nosso silêncio, o qual se converte em força para vossas almas amarguradas. Oh! Sim, o nosso silêncio na dor há de ser a força das almas aflitas, que souberem recorrer à meditação desta minha dor!

Amados filhos, como é precioso o silêncio nas horas de sofrimentos! Almas há que não sabem sofrer uma dor física, uma tortura de alma em silêncio: desejam contar a todos para que todos os lastimem! Como este procedimento é diferente do nosso, pois tudo suportamos em silêncio por amor de Deus e de vossas almas!

Almas minhas, aprendei a sofrer por amor de Deus e de vossas almas, que tanto precisa da dor e das penas para vos purificar da vaidade deste mundo corruptor! Lembrai-vos aqui que as penas e dores vos são essencialmente necessárias para poderdes amar a Deus e progredir no caminho da virtude. Sem a dor e sem as penas, correreis o risco de perder vossas almas, porque a dor humilha, e é na santa humildade que Deus edifica, e se a vossa casa não for edificada por Deus, virá o vento e a lançará por terra! Sim filhos meus, sem a humildade, trabalhareis em vão, portanto vede como a dor é necessária para a vossa santificação.

Aprendei a sofrer em silêncio, como Eu e Jesus sofremos neste doloroso encontro no caminho do Calvário.

A MORTE DE JESUS

Amados filhos, vou mostrar-vos a minha quinta dor, e na sua meditação encontrareis lenitivo e força para vossas almas, que ainda lutam contra mil tentações e dificuldades que é próprio dos mortais.

Nesta minha quinta dor aprendereis a serdes fortes em todos os combates de vossa vida.

Vede-me aos pés da Cruz, assistindo à ignominiosa morte de Jesus, com a alma e meu coração traspassados com a espada das mais cruéis dores. Ah! filhos amados, nesta hora, seria para duvidar até da divindade do próprio Jesus, se Eu não tivesse aprendido nas Sagradas Escrituras que o Messias prometido havia de ser crucificado como um malfeitor!

Oh! Não vos escandalizeis com o que fizeram os judeus! Os judeus diziam: Se Ele fosse Deus, como anunciava, porque não desce da Cruz e se livra a si próprio?! Pobres judeus, ignorantes uns, de má fé outros, não quiseram crer que Ele era o Messias, porque se não o fosse não se deixaria matar! Pobres e infelizes, cheios de orgulho, não podiam compreender que um Deus se humilhasse tanto; não sabiam que a sua divina doutrina pregava a humildade e que só aos humildes será dada a entrada no Paraíso; portanto, se esta era sua doutrina, Jesus precisava dar o exemplo, porque sem o seu exemplo seus filhos não teriam a força de praticar uma virtude, que tanto custa aos filhos deste mundo, que nas próprias veias tem por herança o orgulho.

Por isto os pobres judeus, que estavam cheios de orgulho, não podendo compreender a Jesus, diziam que Ele era um louco, mas na verdade Ele apenas pregava esta encantadora doutrina que é a humildade que de homens faz anjos!

Oh! Não, eles não compreenderam, porque nos seus corações criara raízes este terrível mal – o orgulho – , e por este motivo morreram no seu pecado! Infelizes, os que, à imitação dos que crucificaram a Jesus, ainda hoje não sabem se humilhar!

Depois de três horas de tormentosa agonia, meu adorável Filho morre, deixando-me a alma na mais negra escuridão! Sem duvidar um só instante, pronunciei o Fiat da resignação, e no meu silêncio doloroso, entreguei ao Pai minha acerba dor, pedindo como Jesus, perdão pelos criminosos, que acabam de dar a morte ao Filho de minhas castas entranhas!

Entretanto quem me confortou nesta hora angustiosa? A vontade de Deus foi o meu conforto; o Céu aberto para todos os filhos foi meu lenitivo! A caridade de Jesus foi também a minha força, lembrando-me dos doentes que tinha sarado, das almas que tinha consolado.

Ó! Como é bela a caridade, como ela conforta quando, nas horas de dor, nos lembrarmos que sofremos por havermos praticado o bem.

Jesus morreu na Cruz somente por ter feito o bem! Oh! que força isto deu à minha alma em trevas, porque Eu também no Calvário fui provada com o abandono de toda consolação!

Como já vos disse, minha força foi a vontade de Deus, que se achava impressa no meu coração e que sempre foi o móvel de todas as minhas ações!

 O lenitivo para meu coração despedaçado foi, como já vos disse, a lembrança do quanto Jesus tinha feito de bom neste vale de lágrimas!

Amados filhos, quão bom é sofrer, mormente em união com os sofrimentos de Jesus; mais ainda, quão bom é sofrer por ter feito o bem neste mundo, não desejando outra recompensa, a não ser desprezos e humilhações como Eu e Jesus sofremos. Tanto sofremos e a tanta humilhação os homens nos sujeitaram, somente porque Jesus sempre perdoou, consolou os tristes, ressuscitou os mortos, somente porque no Seu Coração e na sua alma estavam impressas estas palavras: Eternamente vos amei e sempre perdoarei!!

Desejais sofrer por tão nobre causa, porque no vosso coração estão escritas estas palavras: Amo a meu Deus de todo o coração e por este amor aborreço tudo o que for falta voluntária; amo a humilhação e detesto todas as vaidades deste mundo!

Oh Filhos amados, que glória um dia para vossas almas, se, por serdes bons cumpridores de vosso sagrado dever de amar a Deus com todo o vosso coração, fordes perseguidos!

Amadíssimos filhos, aprendei a meditar muitas vezes nesta minha dor, que vos dará força para serdes humildes – virtude amada de Deus e dos homens de boa vontade.

UMA LANÇA ATRAVESSA O CORAÇÃO DE JESUS

Amados filhos, vou hoje mostrar-vos minha sexta dor, quando na Cruz vi uma lança atravessar o Coração Santíssimo de meu adorável Filho. Depois o depositaram nos meus braços, não cândido e belo como em Belém…ah! Não!

Tive de o receber morto e todo chagado, parecendo-me mais um leproso do que aquele adorável e encantador menino, o qual tantas vezes o tinha apertado contra o meu coração!

Vede se há dor semelhante a esta dor?

Com a minha alma imersa na mais profunda dor, vi Longuinho atravessar o peito sagrado do Filho, que tanto amava, e sem poder dizer palavra! O martírio de meu coração e de minha alma fizeram-me derramar copiosas lágrimas, por ver tanta ignomínia e tanta perfídia contra a Bondade Infinita.

Quem poderá medir o martírio desta hora? Não há criatura capaz de compreender o que então sofri! Só Deus pode compreender o martírio, que nesta hora me ia na alma e no coração.

Amados filhos, se Eu tanto sofri, não serei capaz de compreender vossos sofrimentos? Ah! Certamente que sim. Porque, então, em vez de recorrerdes a mim com mais confiança, esquecidos de mim, andais atrás só de quem tem menos valor do que Eu diante do Altíssimo?

Ó! Filhos meus, porque muito sofri, muito me foi dado! Vede como é precioso o sofrimento! Se Eu não tivesse sofrido tanto, digo-vos que em verdade não teria os tesouros do Paraíso em minhas mãos.

Esta imensa dor, por ver transpassar o Coração de Jesus por uma lança, conferiu-me o poder de introduzir a todos que a mim recorreram neste amável Coração. Ah! E se tanto não houvesse sofrido, não poderia hoje dizer-vos esta consoladora palavra: Vinde a mim, porque Eu posso vos introduzir no Coração Santíssimo de Jesus Crucificado.

Vede que consoladora palavra! Porém para isso, foi preciso que Eu tanto sofresse ao pé da Cruz!

Vede como o sofrimento é sempre um bem para a alma. Ó almas que sofreis, regozijai-vos comigo, Eu que fui a segunda mártir do Calvário! A minha alma e meu coração participaram das penas do Salvador, conforme a vontade do Altíssimo para reparar o que a primeira mulher tinha feito! Jesus foi o novo Adão e Eu a nova Eva, livrando assim a humanidade do cativeiro no qual se achava presa.

Filhos meus, bendizei minhas penas, porque elas armazenaram para vossas almas riquezas incomensuráveis.

Posso vos dizer agora, sou vossa Mãe, porque me custastes muitas penas…

Sou vossa Mãe, porque sofrendo por vós, posso-vos introduzir no Coração de Jesus, morada de amor e de eterna felicidade!

Como sois bem-aventurados, filhos meus, por terdes uma Mãe, que vos possa introduzir no Coração Santíssimo de Jesus Crucificado.

Para corresponderdes porém a tanto amor, sede muito confiante em mim, não vos afligindo nas contrariedades de vossa vida; ao contrário confiai-me todos os vossos receios, temores, e penas, porque Eu sou vossa Mãe, e como tal sei consolar os aflitos, sei dar em abundância os tesouros do Coração Santíssimo de Jesus Crucificado, que a todos deseja beneficiar! Portanto todos vós que chorais, não mais vos aflijais, porque não sois órfãos, tendes uma Mãe que sabe ser Mãe.

Não vos esqueçais, Filhos meus, de meditardes nesta minha imensa dor, quando estiverdes sem força para carregar vossa cruz.

Em verdade vos declaro que se nela meditardes, achareis força para tudo sofrer por amor daquele que, por vosso amor, sofreu em uma dura Cruz a amais ignominiosa das mortes.

JESUS É SEPULTADO

Amados filhos, vou mostrar-vos a minha sétima dor, quando tiver de deixar sepultado meu adorável Filho.

A quanta humilhação meu adorável Filho se sujeitou, deixando-se sepultar, sendo Ele o mesmo Deus.

Minha alma imersa em dor profunda contemplava naquele momento lúgubre a mais humilhante cena, que pôde existir para um Deus.

Vede, até que ponto chegou a humildade de Jesus, submetendo-se, à própria sepultura, embora para depois glorioso ressuscitar dentre os mortos!

Sim, depois de ter-se humilhado ao extremo, ensinando às almas, com o seu exemplo, o caminho seguro da santa humildade; eis que não se poupou a Si, nem tão pouco a Mim, para vos ensinar esta vereda de humildade pela qual se sobe ao Paraíso.

Bem sabia Jesus o quanto Eu ia sofrer vendo-o sepultado; porém não me poupou, quis que Eu também fosse participante na sua infinita humilhação! Oh! almas que temeis a humilhação, vede até que ponto chegou a humilhação de vosso Deus e a de sua Mãe! Sim, nós a tanto nos humilhamos, porque este é o caminho seguro que conduz à Pátria. Enquanto o caminho das honras e dos prazeres conduz ao inferno, o caminho da santa humildade conduz à morada de Deus. Vede como Deus amou a humilhação, vede-O no sepulcro dos santos Tabernáculos até o fim do mundo a esconder sua majestade e seu esplendor!

Na verdade o que vedes nestes sepulcros? Apenas uma Hóstia Branca e nada mais. Sim, Ele aí esconde seus fulgores debaixo desta lousa branca, as espécies de pão!

Ó maravilha! Ó sublimidade encantadora da santa humildade, que tanto eleva o coração do homem!

Em verdade vos digo que se Jesus a tanto não se humilhasse até o fim dos séculos, não O admiraríeis tanto!

Vede, como a humildade não rebaixa o homem, pois Deus se humilhou até a sepultura e não deixou de ser ?Deus; ao contrário deu ao seu Coração um novo título ‘Bom’. Sim, foi a sua bondade em favor dos homens que o fez assim se humilhar, para mostrar-nos com o seu exemplo o caminho seguro de nossa salvação eterna.

Ó benditas humilhações de Jesus! Ó benditas horas em que Eu, vossa Mãe, ao lado do Filho amado, pude contemplar o quanto Ele vos amava, porque muito se humilhou.

Amados filhos, amor com amor se paga. Se quereis corresponder às finezas de Jesus, mostrai-lhe que o amais, não com os lábios, mas, sim desejando serdes humilhados por seu amor, como Ele e Eu o fomos por vosso amor! É nas humilhações que mostrareis a Jesus o vosso amor.

Se desejardes as humilhações realmente amais a Deus, mas se com elas vos entristecerdes, em verdade estais ainda muito fracos no amor de Jesus.

Pelas minhas penas vos suplico, desejai a humilhação, porque esta vos purifica de toda e qualquer imperfeição, e, desprendendo-vos deste mundo, vos faz desejar o Paraíso.

Vede o que me aconteceu depois que meu adorável Filho subiu ao Céu. Suspirava por este mesmo Céu, onde O pudesse ver sem véus, Ele o mesmo Deus, até que um dia meu coração, não podendo mais conter o amor que nele se achava, voou para o Paraíso, porque a terra era muito diminuta para conter o amor de meu Coração!

Amados filhos, mostrei-vos minhas Dores não para queixar-me, mas somente para mostrar-vos nelas as virtudes que deveis praticar, para um dia ao meu lado e ao lado de Jesus gozardes para sempre desta glória imortal, recompensa das almas generosas, que, neste mundo à minha imitação, souberam morrer para si, vivendo só para Deus.

Vossa Mãe, que vos abençoa e vos convida a muitas vezes meditardes nestas palavras ditadas  somente porque vos ama.

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